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Investimentos: mercado financeiro em 2022 e cenário previsto para 2023

2022 foi um ano desafiador! O resultado dos portfólios globais foi o pior desde 2008, ano da grande crise financeira. Pela primeira vez desde 1974, os índices do mercado acionário americano e os títulos de renda fixa apresentaram retornos negativos no mesmo ano. O S&P 500 caiu 18,11%, o Nasdaq recuou 32,4% e os ativos de crédito desvalorizaram mais de 17%, em dólares1, ao longo do último ano. Aliado ao resultado ruim dos ativos, a inflação americana, medida pelo CPI, atingiu máximas de 40 anos, acumulando 9,1% de alta para um período de 12 meses, ao final de julho-22.

A inflação elevada e persistente, em todo o mundo, concomitante a um mercado de trabalho aquecido, operando dentro das estimativas de níveis de pleno emprego, levou a uma rápida reavaliação dos agentes de mercado em relação às expectativas de aperto monetário mais severo pelos bancos centrais. Consequentemente, as preocupações sobre a desaceleração econômica, resultante deste processo, foram ampliadas, considerando a possibilidade, inclusive, de uma recessão nas economias desenvolvidas.

No Brasil, a inflação medida pelo IPCA, também não ficou alheia aos movimentos de encarecimento no preço das commodities, em especial o petróleo, como resquício de gargalos produtivos do período de pandemia, com implicações de limitação da oferta de bens e serviços. E, por fim, mas não menos importante, há ainda o aquecimento no mercado de trabalho doméstico, que também contribui para pressão de demanda na inflação. Em razão da Guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, o mundo de maneira geral presenciou uma subida abrupta nos preços das commodities. O efeito mais observável na economia brasileira, sentido diretamente no bolso do cidadão, ocorreu no preço dos combustíveis, resultando em altas na gasolina e no diesel, principalmente nos meses posteriores ao início do conflito. Como consequência, o índice acumulado do IPCA em 12 meses, ao final de abril, foi de 12,13%, maior valor para o índice desde 2003.

Contudo, a inflação não afetou apenas a economia brasileira. Outros países também precisaram de políticas monetárias mais restritivas com o intuito de conter a escalada da inflação. Além dos EUA, que elevou os juros da faixa de 0,25 e 0,50% para 4,25 e 4,50%, ao longo de 2022, diversos países da região da Zona do Euro aumentaram a taxa de juros. As restrições energéticas impostas pelo conflito na Europa e a imposição de sanções econômicas pelos países da Zona do Euro à Rússia, fizeram estas economias registrarem recordes de inflação, ultrapassando a casa de dois dígitos. Por exemplo, o índice de preços da Zona do Euro acumulado em 12 meses, alcançou o nível de 10,7%, em outubro, maior valor da série histórica. Com o objetivo de combater a alta de preços, o Banco Central Europeu rompeu com mais de uma década de política monetária de juros extremamente baixos, em uma tentativa de desacelerar a inflação.

Fonte: Guide to markets; JP. Morgan Asset Management 2)

Legenda: As cores da tabela acima são determinadas pelos valores da inflação por trimestre nos respectivos anos (exceto os de outubro e novembro de 2022). Azul escuro = valor mais baixo; azul claro = mediana; vermelho escuro = valor mais alto. MD = Mercados Desenvolvidos e ME = Mercados Emergentes  

No Brasil, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira (B3), terminou 2022 com uma leve alta de 4,69%, em reais (aos 109.734,60 pontos), e 14,6%, quando medido em dólares. Em confluência com as políticas monetárias contracionistas nas economias globais, o ano também foi marcado pela continuidade do aumento de juros pelo Banco Central do Brasil (Bacen), iniciado em março de 2021, período de mínima histórica da taxa SELIC (quando a taxa estava em 2% a.a.), até atingir o patamar atual de 13,75% a.a..

Com os juros em níveis elevados pelo histórico recente, os ativos financeiros atrelados ao CDI voltaram ao pódio do ranking de rentabilidade de investimento, depois de um longo período em que outros tipos de ativos dominaram o retorno dos investimentos. A mudança da estrutura a termo da taxa de juros, ou seja, o aumento da curva de juros, não só no curto prazo, mas também em períodos mais longos, contribuiu para o retorno menor de outros tipos de ativos financeiros. Dado o maior nível de risco das outras classes de ativos, em relação CDI (no atual cenário de elevação dos juros), esse movimento acaba gerando uma mudança na relação risco-retorno de todos os ativos.

Periodicamente mapeamos o desempenho de 12 tipos de potenciais segmentos de investimentos, classificamos cada investimento do mais rentável ao menos rentável em cada ano e indicamos a variação do IPCA dos respectivos anos. Em 2022, a renda fixa pós-fixada se demonstrou como a opção mais atrativa em relação as outras classes devido ao patamar do CDI.

Fonte: Relatório Gerencial Vexty

Ainda sobre o quadro acima, gostaríamos de reforçar a mensagem que buscamos passar aos Participantes e Assistidos, sobre a importância de termos uma carteira diversificada, pois ela acaba sendo a melhor forma de mitigar o comportamento volátil de todos os mercados. Vejam que a cada ano, o ranking dos melhores e piores investimentos muda muito. Tentar acertar qual será o melhor investimento no período, olhando especialmente para comportamento passado, pode não ser a melhor decisão a ser seguida.

Por isso que aqui na Vexty, dentro da macroestratégia que seguimos, a diversificação do portfólio de ativos investidos dentro de cada Perfil e a disciplina na condução da estratégia de Perfis de Investimentos são dois pilares fundamentais para a consistência dos resultados de longo prazo.

Perspectivas para 2023

A economia passa longe de ser uma ciência exata, assim, é muito difícil prever com perfeição os acontecimentos de um ano vindouro. Mais difícil ainda, é acertar com precisão a magnitude dos eventos que afetarão os rendimentos dos investimentos.  Não seria diferente com o ano de 2023.

No entanto, devemos ponderar a tendência histórica dos fundamentos com os acontecimentos recentes. Em 2022, a maioria das economias passou por um ciclo de aumento de juros e aperto das condições financeiras. Com raras exceções, como por exemplo o Japão, houve relevante modificação da política monetária praticada nos últimos anos. Por motivos já indicados, a inflação atingiu patamares elevadíssimos em quase todas as economias, isto instigou o início do ciclo de encarecimento do crédito por parte das autoridades monetárias.

Dada a questão intertemporal de reação da economia aos movimentos dos juros, é esperado que os efeitos plenos da contração monetária demonstrem resultado apenas a partir deste ano. Por isto, observamos certo pessimismo dos agentes em relação à atividade econômica. O Relatório Focus do Banco Central do Brasil com as expectativas de mercado, publicado em 10 de fevereiro, mostra uma previsão de variação total do PIB na ordem de 0,76% ao ano para 2023. Número muito aquém do que seria considerado o PIB potencial do Brasil, algo estimado pelos economistas na ordem de 1,5% a 2%.

Desta forma, teremos uma economia operando abaixo da sua capacidade plena de expansão. Isto, por si só, abriria espaço para a reversão da política monetária contracionista, praticada pelo BC nestes quase 2 anos desde o início de subida dos juros, em março-21. Apesar da recente piora das expectativas de inflação, a curva de juros futuros, negociada na B3, mostra que o mercado projeta, em algum momento ao final deste ano ou início de 2024, o início de um movimento de relaxamento monetário.

No entanto, isto só será possível se a inflação arrefecer de forma mais sustentável ao longo de 2023. Caso esse cenário se materialize, poderemos, observar, então, uma recuperação do valor dos ativos de riscos (ações, por exemplo). Depois de uma pequena probabilidade deste evento estar precificada nos valores dos ativos, este cenário passou a ganhar relevância e tem impulsionado a recuperação dos preços dos ativos de risco neste começo de 2023.

Estimulando o humor dos investidores na tomada de risco, recentemente, a reabertura da China (flexibilizando as restrições impostas para combater a COVID-19) e a expectativa de retomada do seu crescimento econômico a níveis próximos ao período pré-pandemia entraram com força no radar dos agentes econômicos e tem contribuído para a alta nos mercados, principalmente nas economias emergentes.

Mesmo com as incertezas político-econômicas e o pódio no ranking mundial de juros reais, o Brasil continua como foco de aporte para o capital estrangeiro, sendo que, até o dia 09-feveiro, observamos a entrada de mais de R$ 14 bilhões de recursos oriundos do exterior na bolsa brasileira (B3). Contrastando com a continuidade do forte movimento de saída das pessoas físicas e dos investidores institucionais da bolsa local.

A perspectiva da manutenção da taxa de juros no patamar de dois dígitos até o fim do ano, faz do investimento em renda fixa indexado ao CDI uma ótima alternativa, em um ambiente de incerteza. No entanto, o CDI atual pode ludibriar, momentaneamente, os investidores e desviar o foco e esforços na busca de consistência do retorno de longo prazo, em especial caso o cenário positivo de arrefecimento da inflação, mencionado acima, seja materializado. Por esta razão, ressaltamos a importância da observação e prática de diversificação na carteira de investimento que promovemos aqui na Vexty na gestão dos Perfis de Investimentos, em harmonia com prazo estimado de resgate dos valores, para conseguirmos aproveitar as oportunidades durante os diversos momentos da economia.

Observando o gráfico abaixo destacado de um estudo elaborado pelo JP Morgan Asset, é possível constatar, por exemplo, que um investidor do S&P 500 (um dos principais índices do mercado acionário dos EUA) que perdeu os 10 melhores dias (ou seja, dias de valorização do índice em que o investidor não estava investido) dos últimos 21 anos, reduziu em quase 40% seu retorno do investimento. O estudo traz, ainda, que os 8 dos 10 melhores dias de valorização do S&P 500, ocorreram em até 2 semanas após os 10 piores dias de queda do índice.

Fonte: Guide to markets; JP. Morgan Asset Management 2)

Ou seja, o estudo mostra, utilizando o exemplo do S&P 500, que não ficar posicionado (investido) em bolsa, de repente na tentativa de acertar o melhor momento de entrar e sair do investimento, pode afetar de forma relevante no retorno do investimento em ações.

Por isso que temos sempre que lembrar: volatilidade é algo esperado, principalmente no curto prazo, mas que em previdência, consistência na execução da estratégia, alinhamento com o horizonte de investimento e técnica na gestão dos recursos, com foco na macro alocação (estratégia estrutural) e diversificação dos investimentos, é o que se espera que traga retorno positivo ao Participante.

Evidente que, apesar disso, sempre estamos monitorando o cenário geral, buscando amenizar efeitos decorrentes de tombos do mercado ou incrementar os ganhos por meio de movimentos táticos/pontuais de curto prazo.

Para saber mais sobre a governança dos investimentos aqui na Vexty e como buscamos por meio de uma gestão eficiente e segura dos recursos do Plano administrados por nós, basta acessar os nossos diversos canais de comunicação e informação.

  1. Medido pelo índice de crédito global: Morningstar Gbl Core Bd GR USD
  2. https://am.jpmorgan.com/content/dam/jpm-am-aem/americas/br/pt/insights/market-insights/mi-gtm-latam-br-pt.pdf

Estar sempre informado(a) sobre os seus investimentos. Vexty. Com certeza.