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Breve resumo do contexto econômico em 2023 até o momento

Iniciamos o ano ainda com a preocupação dos investidores acerca das incertezas em relação ao ambiente inflacionário e ao ritmo do aumento dos juros pelos bancos centrais das principais economias do mundo, além do aperto das condições financeiras globais, devido a crises regionais nos EUA e localizadas na Europa. A magnitude desta subida dos juros por parte dos bancos centrais tem sido algo sem precedentes na história recente, o que fez aumentar as preocupações dos agentes econômicos em relação a uma, muito provável, recessão econômica e suas consequências para o valor dos ativos.

A taxa de juros de 1 ano dos títulos do Tesouro Americano está na ordem de 4,91% (conforme gráfico abaixo) e a taxa de 10 anos em 3,59% 1) níveis de taxa não observados desde a primeira década deste século.

Fonte: https://fred.stlouisfed.org/series/FEDFUNDS

A recente volatilidade no setor financeiro acentuou o ambiente de incerteza. Após a quebra de alguns bancos no mercado americano e de um notório banco suíço, houve intervenção dos bancos centrais destes países com o objetivo de conter esta crise. Os impactos de uma política monetária mais restritiva afetam os mercados e a economia com uma certa defasagem, e os efeitos da restrição começaram a ser sentidos agora pela economia. Além disso, a própria crise no sistema bancário, sinalizou aos bancos centrais a necessidade de ponderação no balanço de riscos da possibilidade de uma contração abrupta do mercado de crédito. Uma vez que os bancos estarão menos propensos para conceder empréstimos, essa retração pode impactar o nível de consumo e de investimentos, aumentando o risco de uma recessão mais profunda.

Estes fatos indicam a possibilidade do ápice das taxas de juros no mercado americano e nas principais economias ser inferior ao que os mercados previam. No entanto, a normalização e eventual flexibilização da política monetária podem levar mais tempo para ocorrer, uma vez que os bancos centrais têm como foco, nesse momento, o retorno da inflação para a meta. Por outro lado, como consequência da atividade global mais fraca, o desemprego pode aumentar e contribuir para a melhora do ambiente inflacionário.

No Brasil, a consequência do encarecimento do crédito também mostra seus sinais e a inflação, na margem, vem apresentando enfraquecimento, contribuindo para a queda da curva de juros futuros e para o aumento das apostas do mercado financeiro na redução dos juros ainda em 2023. A taxa de juros pré-fixada de 1 ano, calculada pela Anbima (ETTJ prefixada), está em 12,72% 2), com queda de 106 pontos-base em relação a taxa máxima de 13,78%, negociada para este prazo em 04/abril/2023.

Com níveis de juros ainda bastantes elevados e com a inflação cadente, a economia brasileira se encontra no topo do ranking mundial de juros reais.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/brasil-lidera-ranking-de-juros-real-mas-taxa-cai-de-738-para-694-ao-ano.shtml

Juros elevados significam custo de capital alto, enfraquecimento dos retornos dos investimentos, queda na demanda por produtos e diminuição dos lucros das empresas. Consequentemente, a valoração das companhias negociadas na bolsa é impactada. Este tem sido o movimento observado nos valores dos ativos de renda variável neste primeiro trimestre no Brasil.

No entanto, quando observamos os múltiplos de Valuation, como o indicador Preço/(Lucro projetado para os próximos 12 meses3)) elaborado por analistas de mercado, notamos que, historicamente, estamos em um momento de múltiplos baixos.

Fonte: Relatório Brazil Strategy Monitor March publicado em 21/03/2023 pelo banco BTG.

Com base nesses múltiplos, poderíamos considerar que os ativos de bolsa brasileira estariam, na média, “baratos”. Porém, se os lucros das empresas forem ainda menores do que o esperado neste momento pelo mercado, não devemos esperar valorização das ações dessas empresas (e possivelmente, teremos um aumento nos múltiplos). Por outro lado, no caso de surpresas positivas, com os resultados das empresas maiores do que aqueles estimados hoje pelo mercado, poderemos ter uma valorização relevante dos ativos (potencializada pelo fato dos múltiplos já estarem relativamente baixos).

Outro cenário possível, seria a ocorrência do fenômeno denominado “armadilha do valor”, onde os preços das empresas poderiam continuar desvalorizados e permanecer assim, por diversos motivos, sem uma futura conversão dos múltiplos para seus padrões históricos.

Portanto, dadas as incertezas, tanto com relação aos impactos nos resultados das empresas, como devido à outras variáveis de natureza geo-político-econômica que podem impactar as expectativas dos agentes de mercado, não é possível, nesse momento, assumir, com segurança, nenhum dos cenários acima. Neste caso, a diversificação da carteira de investimentos em classes de ativos diferentes, permanece como a estratégia mais recomendada.

Notas:

  1. Fonte: https://www.marketwatch.com/investing/bond/tmubmusd01y?countryCode=BX
  2. Fonte: https://www.anbima.com.br/informacoes/est-termo/CZ.asp
  3. Fonte: Relatório Brazil Strategy Monitor March publicado em 21/03/2023 pelo banco BTG

Estar sempre atualizado(a) sobre o desempenho dos seus investimentos. Vexty. Com certeza.