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Economia em 2023 e cenário previsto (por ora) para 2024

Como já temos reforçado em nossas últimas interações, a economia passa longe de ser uma ciência exata, assim, é muito difícil prever com perfeição os acontecimentos de um ano vindouro. Mais difícil ainda, é acertar com precisão a magnitude dos eventos que afetarão os rendimentos dos investimentos. Não seria diferente com o ano de 2024, assim como não tem sido para 2023. Ainda mais tendo pouco mais de dois meses até encerrar esse ano, quando muita coisa pode acontecer.

No entanto, devemos ponderar a tendência histórica dos fundamentos com os acontecimentos recentes. Desde 2022, a maioria das economias vem passando por um ciclo de aumento de juros e aperto das condições financeiras. Por motivos já indicados, a inflação atingiu patamares elevadíssimos em quase todas as economias, isto instigou o início do ciclo de encarecimento do crédito por parte das autoridades monetárias.

Dada a questão intertemporal de reação da economia aos movimentos dos juros, era esperado que os efeitos plenos da contração monetária demonstrassem resultado apenas a partir deste ano. Por isto, observávamos no início deste ano, certo pessimismo dos agentes em relação à atividade econômica brasileira. O Relatório Focus do Banco Central do Brasil (BCB) com as expectativas de mercado de 31/12/22, mostrava uma previsão de variação total do PIB na ordem de 0,80% para 2023. Número muito aquém do que seria considerado o PIB potencial do Brasil, algo estimado pelos economistas na ordem de 1,5% a 2%.

Desta forma, teríamos uma economia operando abaixo da sua capacidade plena de expansão. Isto, por si só, abriu espaço para a reversão da política monetária contracionista, praticada pelo BCB nestes quase 2 anos desde o início de subida dos juros, em março de 2021. O BCB confirmou as expectativas do mercado e começou a cortar os juros (SELIC) na reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do início de agosto. A indicação do COPOM é de redução gradual nos juros (atualmente em 12,75% a.a.), a depender do comportamento da inflação. Conforme Relatório Focus do BCB de 22/09/23, as medianas das estimativas do mercado para SELIC terminal de 2023 e 2024 seguem estáveis (há 7 semanas) em 11,75% a.a. e 9% a.a., respectivamente.

No entanto, isto, de fato, só foi possível com o arrefecimento da inflação esperada. Se no início do ano as estimativas apontavam para 5,31%, agora o IPCA esperado para 2023 já está 4,86%, cada vez mais próximo de ficar dentro banda de tolerância estabelecida pelo CMN (entre 1,75% e 4,75%).

Por outro lado, a atividade econômica mundial e o mercado de trabalho já começam a apresentar sinais de arrefecimento, como resultado da política monetária mais restritiva. Esse comportamento é observado inclusive nos EUA, cuja atividade vinha apresentando maior resiliência do que a esperada. Com isso, aumentou a probabilidade de estarmos perto fim do aperto monetário nos EUA (muito embora as indicações sejam de manutenção dos juros por um período mais longo que o esperado inicialmente, fato que ainda pode não estar totalmente absorvido pelo mercado). Na China, o governo segue realizando estímulos na economia, para compensar os efeitos da crise imobiliária e garantir crescimento da atividade neste ano próximo a 5%.

Voltando ao Brasil, as preocupações do mercado com as contas públicas se acentuaram após a divulgação de números de julho. Além do aumento das despesas públicas, houve recuo da arrecadação nos sete primeiros meses deste ano frente ao mesmo período de 2022, levando a um déficit primário de R$ 78,2 bilhões (contra um resultado positivo de R$ 73,2 bilhões no mesmo período de 2022). Os próximos meses serão importantes para o mercado avaliar o quão difícil será para o governo atingir as metas fiscais estabelecidas, especialmente para 2024.

Mesmo com as incertezas político-econômicas e 4º lugar no ranking mundial de juros reais, o Brasil continua como foco de aporte para o capital estrangeiro, sendo que, até o dia 22 desetembro, observamos a entrada de mais de R$ 9 bilhões de recursos oriundos do exterior na bolsa brasileira (B3). Contrastando com a continuidade do forte movimento de saída dos investidores institucionais e a tímida volta dos investidores pessoa física a bolsa local.

Nesse cenário, vimos, então, uma leve recuperação do valor dos ativos de riscos, com o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, por exemplo, acumulando até 22 de setembro de 2023, uma valorização de 5,72% (aos 116.009 pontos). Alguns estudos de mercado mostram que o Ibovespa teria mais espaço de valorização (principalmente quando se avaliam alguns múltiplos como Preço/Lucro). Nas nossas próximas publicações traremos um pouco mais disso.

Por falar em juros reais no Brasil, apesar da recente subida, é interessante observar a tendência (aparentemente estrutural) de redução de seu patamar desde a implementação do Plano Real. Se no início dos anos 2000 o juro real estava acima de 8% a.a.., as projeções para os próximos anos indicam uma queda para níveis abaixo de 5% a.a.. Lembrando que 2020 e 2021 foram anos atípicos, quando os juros reais foram negativos (ou seja, a inflação foi superior a taxa de juros no período).

Elaboração: Vexty – Dados: IPEA, Santander e Relatório Focus do BC (22/09/23)

A perspectiva da manutenção da taxa de juros no patamar (ainda) de dois dígitos até o fim de 2023, embora já em queda, faz do investimento em renda fixa indexado ao CDI uma alternativa, em um ambiente de incerteza. No entanto, o CDI atual pode ludibriar, momentaneamente, os investidores e desviar o foco e esforços na busca de consistência do retorno de longo prazo, em especial caso o cenário positivo de arrefecimento da inflação, mencionado acima, seja materializado. Por esta razão, ressaltamos a importância da observação e prática de diversificação na carteira de investimento que promovemos aqui na Vexty na gestão dos Perfis de Investimentos, em harmonia com prazo estimado de resgate dos valores, para conseguirmos aproveitar as oportunidades durante os diversos momentos da economia.

Observando o gráfico abaixo destacado de um estudo que elaboramos, é possível constatar, por exemplo, que um investidor do Ibovespa que perdeu os 30 melhores dias (ou seja, dias de valorização do índice em que o investidor não estava investido) dos últimos 21 anos (de janeiro de 2002 até dezembro de 2023, mais de 5.200 pregões na bolsa), reduziu praticamente a zero seu retorno do investimento (contra 708,2% acumulado no período). O estudo traz, ainda, que 8 dos 10 piores dias ocorreram em datas próximas aos 10 melhores dias. Ou seja, movimentos extremos (para cima e para baixo) acabam ocorrendo nas mesmas (e poucas) janelas.

Elaboração: Vexty – Dados: MorningStar

Ou seja, o estudo mostra, utilizando o exemplo do Ibovespa, que não ficar posicionado (investido) em bolsa, de repente na tentativa de acertar o melhor momento de entrar e sair do investimento, pode afetar de forma relevante no retorno do investimento em ações. Um fenômeno parecido com esse é observado no S&P 500 (Bolsa de NY) em um estudo desenvolvido pelo JP Morgan Asset Management.

Por isso que temos sempre que lembrar: volatilidade é algo esperado, principalmente no curto prazo, mas que em previdência, consistência na execução da estratégia, alinhamento com o horizonte de investimento e técnica na gestão dos recursos, com foco na macro alocação (estratégia estrutural) e diversificação dos investimentos, é o que se espera que traga retorno positivo ao Participante.

Evidente que, apesar disso, sempre estamos monitorando o cenário geral, buscando amenizar efeitos decorrentes de tombos do mercado ou incrementar os ganhos por meio de movimentos táticos/pontuais de curto prazo.

Para saber mais sobre a governança dos investimentos aqui na Vexty e como buscamos por meio de uma gestão eficiente e segura dos recursos do Plano administrados por nós, basta acessar os nossos diversos canais de comunicação e informação.

Estar sempre informado(a) sobre os seus investimentos. Vexty. Com certeza.