Quando desenhamos o cenário estimado para 2024 para eventual adequação dos nossos portfólios, o tom era relativamente positivo para o contexto econômico brasileiro e, principalmente, para os ativos de risco. Comentamos em nosso Relatório Anual de 2023 que, após o primeiro ano do novo governo Lula, o cenário político-econômico de curto prazo apresentava-se um pouco mais previsível. Acreditávamos que a reforma tributária e o arcabouço fiscal recém-divulgados naquele momento possibilitariam ventos favoráveis para o mercado brasileiro. Naquela oportunidade, o Banco Central (BC) estava reduzindo os juros e a expectativa era de continuidade do ciclo de corte da SELIC em 2024. Ledo engano!
Com o passar dos meses de 2024, o cenário acabou se deteriorando frente ao esperado. O mercado passou a não conseguir mais prever qual seria o patamar de estabilização da inflação, que seguia em alta. Em outras palavras, observamos uma ausência da ancoragem das expectativas para inflação. Não no caso específico para 2024 (que acabou vindo ligeiramente acima da projeção que tínhamos adotado, 4,83% vs 4,30%), mas principalmente para os anos seguintes. Junto com isso, o temor que já estava presente e ganhando intensidade, da dificuldade do governo brasileiro em controlar as despesas e conter o nível do endividamento público, fez com que a pretensão do “déficit fiscal zero” ficasse somente na intensão mesmo. Ao invés da SELIC continuar caindo, conforme inicialmente esperado, o BC teve que iniciar um movimento de alta dos juros, que segue ainda nos primeiros meses de 2025. Ao final de 2023, a Selic estava em 11,75% a.a., com estimativas de encerrar 2024 em 9% a.a.. Após atingir 10,5% a.a. em meados de 2024, a taxa subiu e encerrou o ano em 12,25% a.a.. Os juros futuros também acabaram subindo nesse período. Assim como comentei com a inflação, a questão central não foi para o número de 2024 (pois o CDI no ano em 10,88% ficou em linha com a projeção que considerávamos, de 10,40%), mas sim para a trajetória dos juros que passou a ser de alta.
No cenário externo, o desafio era controlar a inflação em meio às discussões sobre as questões fiscais e a trajetória da dívida dos EUA, considerada insustentável por analistas. Os juros nos EUA e nas principais economias da Europa estavam em níveis elevados e restritivos, impactando o crescimento dessas economias. Havia também incerteza quanto ao crescimento chinês e ao aumento das tensões entre China e EUA, que poderiam se intensificar dependendo das eleições presidenciais nos EUA. Em 2024, a China acabou crescendo conforme o esperado pelo governo, impulsionada por um pacote robusto de medidas de estímulo econômico, que estabilizaram o mercado imobiliário e aumentaram os gastos do consumidor. No entanto, as tensões comerciais, especialmente entre EUA e China, foram exacerbadas durante o período eleitoral nos EUA, afetando o valor do dólar e as expectativas de comércio internacional. E isso tudo impactou fortemente algumas Classes de Ativos investidas.
Nesse ambiente, tivemos o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, caindo mais de 10% no ano, os títulos públicos indexados à inflação medidos pelo IMA-B também caindo mais de 2%, e a indústria de fundos multimercado medida pelo IFMM-A do BTG ficando com desempenho bem abaixo do CDI. Muito diferente do cenário que prevíamos quando elaboramos a Política de Investimentos para 2024. Esse comportamento levou os Perfis mais longos a terem um desempenho relativamente pior que os Perfis mais curtos. Quanto mais longo é o Perfil, ou seja, quanto mais próximo do Perfil 2065, maior é a alocação em ativos com maior risco e maior expectativa de retorno, como é o caso de investimentos em ações, multimercado e títulos públicos atrelados à inflação.
Agora entra uma parte interessante da estratégia de investimentos que adotamos aqui na Vexty, que é a diversificação planejada das carteiras. Como tivemos um excelente desempenho do mercado acionário dos EUA, conforme pudemos ver no S&P 500, incrementado pela valorização do Dólar frente ao Real de quase 28% em 2024, nossa posição em investimentos globais foi capaz de manter até os Perfis mais longos em campo positivo no ano. Isso demonstra a importância da diversificação planejada tendo em vista o cenário previsto, especialmente em momentos de bastante incerteza e turbulência no mercado!
No gráfico abaixo, é possível observar a rentabilidade líquida* registrada em 2024 pelos 10 Perfis de Investimentos oferecidos pela Vexty frente a alguns indicadores de mercado:
Consistência na Gestão dos Investimentos no Longo Prazo
O modelo de Perfis de Investimento com Data-Alvo adotado pela Vexty tem se mostrado resiliente e consistente com seu objetivo: preservar o patrimônio no Perfil Curto Prazo e permitir expectativa de maior rentabilidade no longo prazo nos Perfis com Data-alvo, respeitando os limites de riscos de cada Classe de Ativo, porém podendo apresentar maiores oscilações (volatilidade).
No gráfico abaixo são apresentados os desempenhos dos Perfis Curto Prazo, 2025 e 2030 desde maio de 2014, quando esses Perfis foram criados. Os Perfis 2035 em diante foram estabelecidos apenas em janeiro de 2020.
O Perfil Curto Prazo apresentou performance superior ao IPCA e ao IFMM-A (índice do BTG que apura o retorno médio de fundos multimercado) e ligeiramente abaixo do CDI acumulado no período. Os outros dois Perfis apresentaram rentabilidade acima do IPCA, do Ibovespa da B3 (principal índice do mercado acionário brasileiro), IFMM-A e do CDI, respondendo bem às posições nas demais Classes de Ativos e à estratégia da Vexty de diversificação estruturada e gestão ativa em cada Classe, com foco em superar seus respectivos indicadores de referência. Destaque para o Perfil 2030, superando de forma relevante o Ibovespa, mesmo com um nível de risco menor, devido, principalmente, à diversificação de suas alocações.
Ao observar o comportamento dos Perfis desde janeiro de 2020, quando foram implementados os Perfis 2035 em diante, e o desempenho de alguns indicadores de mercado, destacam-se os resultados aquém do esperado do IMA-B, IFMM-A (muito abaixo do desempenho do CDI no mesmo período) e do Ibovespa. Esses dois últimos refletem o cenário desafiador para os investimentos em ações no Brasil e para a indústria de fundos multimercado, principalmente impactados pela Pandemia de Covid-19, que surgiu em 2020, pela Guerra Rússia-Ucrânia ao longo de 2022, pelas eleições presidenciais também em 2022 no Brasil, dificuldade em estabelecer estratégias vencedoras dos gestores de multimercado, que levaram a resgastes nesta indústria nos últimos dois anos, entre outros fatores. Nesse contexto, assim como observado nos últimos anos, o desempenho foi pior nos Perfis com maior exposição a ativos de maior risco.
Por outro lado, os Perfis mais curtos, que possuem carteiras de investimentos com menor exposição à renda variável e investimento no exterior, conseguiram desempenhar melhor no período, com destaque para os Perfis Curto Prazo, 2025 e 2030, que superaram o IFMM-A e o IPCA, com o Perfil Curto Prazo aproximando-se do CDI no período, já considerando a rentabilidade percebida pelo Participante e Assistido após dedução dos custos com gestão dos investimentos e da própria Entidade.
Interessante observar que, nesse período acumulado de quatro anos, o principal índice do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa, praticamente não valorizou (com leve alta de 4% no acumulado). Ao mesmo tempo, vimos o IPCA registrando uma alta de 33,5% e o nível de juros pedido pelo CDI subindo mais de 50%.
Importante destacar que rentabilidade histórica não é garantia de rendimento futuro. Não existe garantia ou compromisso assumido perante o Participante relativo à manutenção dessas performances, muito embora todos os esforços da Vexty estejam voltados para otimizar os rendimentos, respeitando a alocação alvo de cada um dos Perfis e buscando sempre a melhor relação risco-retorno possível, considerando as condições de mercado.
No que tange ao cenário econômico previsto para 2025, que permeou a revisão da Política de Investimentos do Plano Vexty, é possível destacar a expectativa de continuidade do crescimento da atividade econômica brasileira, embora em um ritmo inferior ao observado em 2024. A manutenção da pressão inflacionária no Brasil é uma preocupação, com projeções indicando um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima das metas estabelecidas pelo Banco Central. Consequentemente, espera-se que a taxa de juros (SELIC) permaneça elevada, podendo atingir entre 15% e 16% a.a. ao final do ano, conforme o consenso do mercado. O contexto fiscal e o endividamento público no Brasil continuam a ser motivos de preocupação crescente. A trajetória das contas públicas e a capacidade do governo de controlar as despesas são fatores críticos que influenciam a confiança dos investidores e a estabilidade econômica do país.
No cenário externo, especialmente nos Estados Unidos, observa-se uma inflação persistente, com taxas de juros ainda acima do nível neutro e sem perspectivas de uma redução significativa no curto prazo. Além disso, o dólar americano permanece fortalecido, impactando as economias emergentes e o comércio internacional. A incerteza em torno das políticas adotadas pelo presidente D. Trump, que incluem medidas protecionistas e alterações nas relações comerciais internacionais, incrementa o nível de imprevisibilidade no cenário global.
– Barclays Gbl Agg é um indicador apurado pela Bloomberg, que mede o comportamento dos preços de títulos de dívida com grau de investimento em 24 moedas.
– CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é a taxa de juros de referência para operações financeiras (principalmente de curto prazo).
– Dólar. Variação do Real frente ao Dólar dos EUA.
– IBOV (Ibovespa) é o índice que mede o desempenho das ações de empresas com grande volume de negociação na B3, a Bolsa de Valores oficial do Brasil.
– IFMM-A é um índice apurado pelo banco BTG, que mede o comportamento dos Fundos de Investimentos de Multimercado no Brasil.
– IGP-M é o Índice Geral de Preços ao Mercado apurado pela FGV.
– IMA-B é um índice apurado pela Anbima, que reflete o desempenho dos Títulos Públicos atrelados ao IPCA, independentemente do prazo de vencimento.
– IPCA é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo apurado pelo IBGE.
– S&P 500 é um dos principais índices do mercado de ações dos EUA.
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