Assim como os títulos indexados ao CDI ou à Selic, os ativos atrelados à inflação também são investimentos de Renda Fixa, cuja principal particularidade está na remuneração obtida pelos investidores nesse ativo por uma taxa de juros prefixada (conhecida, no jargão de mercado, como “Cupom”), acrescida da variação de algum índice inflacionário.
Mas, antes de entrar em mais detalhes, vale esclarecer que uma taxa prefixada nada mais é do que uma taxa definida e conhecida antes mesmo da emissão do título. Assim, o investidor sabe, de antemão, quanto terá de rentabilidade no ativo caso o mantenha em carteira até seu vencimento.
Conforme previsto na Política de Investimentos da Vexty, a Classe de Ativos Renda Fixa Juro Real (Inflação) busca rentabilidade atrelada ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, medido pelo IBGE), com prêmio de risco, pelo emprego eficiente e prudente de ativos de renda fixa, mas sem correr risco relevante de crédito privado. Essa Classe abrange principalmente (i) Títulos Públicos Federais (TPF) e operações compromissadas (que é uma espécie de título de dívida com garantia), tendo esses títulos como lastro, e (ii) títulos de renda fixa emitidos por bancos privados de primeira linha, sediados no Brasil e classificados como High Grade (de alto grau de investimento e baixo risco).
No caso dos TPFs brasileiros emitidos pelo Tesouro Nacional, a grande maioria é indexada ao IPCA, denominados atualmente de Tesouro IPCA (antigas NTN-B ou Notas do Tesouro Nacional série B).
Dessa forma, no momento da aquisição de um ativo atrelado à inflação, o que se está fazendo é um investimento em taxas de juros reais prefixadas, ou seja, taxas que são conhecidas por todo o prazo de existência do título, funcionando, portanto, como uma proteção contra variações não previstas nos índices de preços. Uma taxa de juros real indica a rentabilidade dos investimentos já descontando a inflação.
A “marcação a mercado” desses títulos
Se já é possível saber a rentabilidade do investimento, caso permaneça com ele em carteira até o vencimento, o que ocorre se o título for vendido antes desse prazo?
Resgatando a definição de “marcação a mercado”, que pode ser conhecida na matéria sobre Renda Fixa Curto Prazo, esse é o método de definição do preço do título pelo valor da sua negociação no mercado financeiro. O uso desse método é imposto pela regulação do setor na Resolução CMN nº 4.994 e reconhecido como a melhor prática contábil.
Vamos a um exemplo hipotético para facilitar o entendimento: um investidor adquiriu um título indexado ao IPCA com vencimento para 2035, mais uma taxa prefixada (Cupom) de 5% ao ano. Depois de alguns meses, o mercado começou a observar uma elevação das expectativas para o IPCA dos próximos anos, ao tempo em que o Banco Central aumentou a taxa de juros básica (Selic) para combater uma eventual pressão inflacionária. Com isso, o mercado começou a visualizar um aumento dos juros reais (acima da inflação) e esse título adquirido passou a ser negociado no mercado com Cupom (juros) de 7%. Esse aumento do Cupom gera, como consequência, uma redução no valor presente do título. Ao vender esse título nesse momento, como ele vale menos pela marcação a mercado (5% definido no momento da compra, contra 7% no momento da venda), você terá uma perda de valor (rentabilidade negativa no investimento).
O contrário também é verdadeiro. Caso o mercado passe a negociar o título com uma taxa de juros reais (Cupom) mais baixa frente ao que você negociou na aquisição, ao vendê-lo você terá um ganho no investimento.
Ou seja, existe uma relação inversa entre o preço do título e a taxa de juros reais do mercado.
Por outro lado, nesse exemplo hipotético, se você mantiver esse título em carteira até o vencimento (ou seja, 2035), você será remunerado pela variação do IPCA + 5% a.a. até o seu vencimento.
Ativo interessante para planos de previdência
Dadas as características elencadas acima e, em sua grande maioria, pelas metas de rentabilidade dos planos de previdência serem vinculadas a um objetivo de retorno real, os ativos da Classe Renda Fixa Juro Real (Inflação) são investimentos de longo prazo que combinam, quase que perfeitamente, com os objetivos de retorno dos planos de previdência.
Essa é a razão das carteiras de planos de previdência terem parte importante dos recursos dedicados a essa Classe. Além da proteção contra o fator de “risco inflacionário”, cuja materialização corresponde à corrosão do poder de compra da moeda, devemos relembrar que os Títulos Públicos Federais são aqueles considerados como os de menor risco de crédito e liquidez, considerando investimentos denominados em Reais.
Alguns desafios nesses investimentos que são superados por uma gestão eficiente dos recursos
Há dois principais desafios na gestão de títulos dessa natureza em carteira de planos de previdência.
O primeiro refere-se à volatilidade inerente que esses títulos possuem. Os índices da Anbima da família IMA-B1 são compostos somente por títulos Tesouro IPCA e, atualmente, estão com volatilidade aproximada de 3% a.a. (índice composto por títulos com prazo inferior a 5 anos) e 7,5% a.a. (para os títulos com prazo superior a 5 anos), quando observamos os dados estatísticos em um período de 3 anos. Como parâmetro de referência, o Ibovespa está com volatilidade aproximada de 19% e o IMA-S2 (índice Anbima de TPF indexados à Selic) com 1% no mesmo período (março de 2021 a fevereiro de 2024). Ou seja, o risco de mercado da Classe Renda Fixa Juro Real se situa entre as Classes Renda Fixa Curto Prazo e Renda Variável.
Em segundo, após um período inédito de juros reais baixos, impondo grande dificuldade para que os fundos de previdência conseguissem atingir suas metas atuarias ou índice de referência de retorno, houve retomada das taxas de juros reais em níveis acima de 5,5% em todos os prazos, sendo, nos prazos mais longos, superior a 10 anos, com taxas acima de 5,7%. As referidas taxas foram divulgadas pela Anbima em 19 de março de 20243. A Política de Investimentos da Vexty prevê um retorno real médio para os Perfis de 7,4% ao ano ao longo de toda sua existência.
No entanto, essas são questões totalmente administráveis na gestão de uma carteira de investimentos.
Com relação à volatilidade, é possível diminuir o nível de risco agregado da carteira por meio da diversificação, com exposição a diferentes Classes de Ativos, que tenham correlação negativa ou que sejam descorrelacionadas com os títulos de inflação. Por exemplo, investimentos denominados em Dólar (USD) ou outra moeda forte, como o Euro, podem ser um contrapeso à volatilidade dos ativos de inflação.
Em relação ao segundo desafio, no caso dos Perfis de prazo mais longo, em que a necessidade de retorno é maior do que a atual taxa de juros reais, a exposição maior a Classes de Ativos com prêmios de risco mais elevados (além da Classe Renda Fixa Juro Real) complementa o portfólio e favorece o atingimento do objetivo de retorno do Perfil para determinado período.
Por essa razão, quando observamos o Glidepath, conseguimos ver essa dinâmica na construção dos portfólios ideais dos Perfis de Investimento. Consulte a Lâmina dos Perfis de Investimento, no site, para observar o comportamento e a composição de cada Perfil.
Notas:
1) O Índice IMA-B apurado pela Anbima, é um benchmark que reflete a evolução de desempenho dos Títulos Públicos atrelados à inflação.
2) O Índice IMA-S apurado pela Anbima, é um benchmark que reflete a evolução de desempenho dos Títulos Públicos atrelados à Selic.
3) Fonte: https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/curvas-de-juros-fechamento.htm, posição da Estrutura a Termo das Taxas de Juros IPCA (ETTJ IPCA) estimada em 26/setembro/23.
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